Texto: Angela Sicilia
Estive, há algumas semanas, na China, a convite da Prefeitura/Unesco para divulgar Belém como cidade criativa da Gastronomia. Trinta e oito horas de viagem me separaram do outro lado do mundo (quando eu penso que para chegar a alguns municípios paraenses, leva-se o dobro deste tempo, fico aqui imaginando quantos mundos o Pará tem dentro de si) e... Enfim, chegamos.
A primeira parada foi Shangai, uma cidade tão cosmopolita quanto fiel ao seus costumes... Tênis confortável no pé, sem saber o que me aguardava, saí pela cidade. Não falo uma única palavra do chinês, mas com dinheiro na mão e vontade de desbravar essa cultura milenar, não passaria fome - tinha certeza disso!
A cada esquina, um quiosque ou uma barraca improvisada de comida. Noodles, legumes, proteínas de todas as origens imagináveis... E pés de galinha (montes deles!) boiando em cumbucas de sopa. Eles amam! Acreditam ser os pés uma poderosa fonte de colágeno. E faz sentido: não vi uma única chinesa com pés de galinha no rosto (desculpem o trocadilho! Não foi intencional, rs).
E o que dizer das pimentas? São alucinados por elas. Na China, os baianos comeriam só comidas “muito quentes”. Caí numa primeira “pegadinha” de pimenta. Depois eu fiquei esperta!
O café da manhã dos chineses compara-se ao nosso almoço. Chás, muitas infusões, bolinhos, frutas, pastéis no vapor, pés de galinha (tem pra todos os gostos). Os chineses gostam de comer bem e aprenderam a extrair o melhor dos insumos - ainda que cause estranheza aos ocidentais.
Depois de Shangai, rumamos para Shunde. Lá, tendo por companhia outros chefs de outras partes do mundo/cidades irmãs da Unesco, houve uma linda celebração de intercâmbio, prova maior de que o alimento constrói pontes (algumas indivisíveis) e é o melhor intercâmbio que se pode ter. Minha conclusão final é de que após 38 horas de voo, algumas centenas de quilômetros de estradas, com muitos pés de galinha, paraenses e chineses são mais parecidos do que se imagina!